sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

PERSONA

Persona.


 E mais uma vez você me surpreendeu!

A primeira vez que te vi dar seus primeiros passos eu imaginava o pior...

Eu quis em muitas vezes te segurar pela mão, te agarrar e impedir que você fosse ao chão...

Mas o tempo me fez perceber que não estaria sempre ao teu lado e o quanto eu era incapaz de te proteger de tudo a todo instante e do que você viria a passar em sua caminhada. Demorei a entender que você era apenas uma criação minha...


E com muita dor tive que deixar você andar. E eu vi os piores tombos que você tomaria.


Até que te observando mais atentamente, pude notar a sua destreza e ousadia.

Sua determinação em estar de pé e colocar as coisas em seus devidos lugares.

Com o tempo fui percebendo que você tinha sua própria força, sua própria forma de andar, de olhar, de abraçar, de rejeitar...
De ser.

Fui descobrindo mais e mais sobre você.

E descobri que você é um ser único, e cheio de vontades que vinha quando queria, e ia, quando não queria mais ficar... e até ficava sem querer, e ia querendo ficar, pois era tão temperamental, que muitas vezes senti, que você se bastava em si.

Sem contar que você não perdia a oportunidade de dizer que Eu lhe pertencia, e que você me possuía.

Foi assim, durante alguns meses.

Até o momento que subi na engolidora caixa preta. Estranha em seus três lados, com um bando, como Eu e você, e percebi que meu lugar era em você e seu lugar, era em mim.

Naquele lugar, eu bastei você em mim.
Naquele lugar Você era eu, e você me possuiu.
Eu fui suas mãos.
Seus olhos.
Seu toque.
Teu falar.
Fui você sendo eu.
 E me senti completa, pois não te segurei, nem me perdi em você.

Eu simplesmente encontrei mais de mim em você!

E assim sempre será!

Encerrará um ciclo, quando a cortina baixar e as luzes do palco se apagarem, até você renascer, no levantar das cortinas e novamente se acenderem os holofotes, e eu perceber que você novamente vai ser UM de mim, vai ser Um em ti, ATÉ se encerrará em nós!

Personifica em personagem, quem sou.


 Lidiane Porto
Texto escrito e publicado por mim após a ultima apresentação da peça Homens de Papel (de Plinio Marcos, com adaptação e direção da professora Lumi Abe) em seis apresentações no auditório do Senac como finalização do curso de Arte Dramáticas.

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